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Cap. 99

Ilustração com um fundo branco, no qual aparece a silhueta em vermelho de uma mulher com a mão direita fechada e apontada para a frente apenas com o dedo anelar levantado.

O xerife caminha apressadamente (só não está correndo para não deixar tão evidente sua fuga), mas a voz de Lucretia o alcança um pouco antes da mão dela o puxar pelo ombro.

— Mulher de cabelo branco com uma cobra enorme? – pergunta ela. — É isso o que você procura, Wayne? Eu não sou velha o suficiente para você? Ou é o tamanho da cobra?

Wayne pensa em continuar caminhando até chegar à Rocha Plymouth, pegá-la no colo e pular no Oceano Atlântico.

As pessoas de Rotten Root procuram disfarçar nas portas, janelas e sombras das ruas enquanto tentam acompanhar a discussão. Elas não aparecem, mas o xerife sente cada piscada, cada riso.

— E onde está o chapéu que você me prometeu! – esgoela-se uma magoada Lucretia, que se apoia em Cobra Traiçoeira, quase desmoronando sobre o nativo, menor e mais magro (que ela não nos ouça) do que ela.

Solomon corre para fora do Elle, atraído pela voz já conhecida.

— Madame voltou! – exclama alegremente, avisando aos outros.

Logo, as trabalhadoras do local se juntam na entrada do cabaré para recepcionar sua patroa. Os sobreviventes do circo também chegam para agradecer a hospedagem.

Wayne olha resignado para o comitê de recepção de sua vergonha até perceber algo diferente e errado.

— O que esse pessoal faz aqui? – pergunta apontando para os antigos integrantes do circo.

— Eu disse para que eles viessem para cá até terem para onde ir. – responde Lucretia, em tom de desafio.

Wayne: — Você não pode ficar abrigando gente estranha na cidade.

Lucretia interrompe: — Está vendo esse dedo? (calma, trata-se do dedo anelar) Se você não coloca uma aliança nele, não pode querer mandar em quem eu coloco ou não dentro da minha casa, querido.

Ela continua: — E, só para deixar claro, mesmo que coloque a aliança você continuará não mandando em mim. A diferença será que eu terei um lindo anel para exibir e causar inveja.

E conclui: — O que me lembra, cadê meu chapéu? E quem era a velha de cobra grande?

“Por que eu não morri queimado no circo?”, questiona Wayne os desígnios de Deus. Aliás, falando em desígnios e sobreviventes...
 

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